domingo, 15 de novembro de 2015

Automação residencial: histórico, definições e conceitos

Definição de automação residencial
É o conjunto de serviços proporcionados por sistemas
tecnológicos integrados como o melhor meio de satisfazer
as necessidades básicas de segurança, comunicação,
gestão energética e conforto de uma habitação.
Nesse contexto, costumamos achar mais adequado
o termo “domótica”, largamente empregado na
Europa, pois é mais abrangente. No entanto, no Brasil,
optamos pela tradução literal de home automation,
denominação americana mais restrita, uma vez
que, conceitualmente, o termo “automação” não
englobaria, por exemplo, sistemas de comunicação ou
sonorização.
Uma definição bastante completa é obtida nas
publicações da Asociación Española de Domótica
(Cedom):
Por José Roberto Muratori e Paulo Henrique Dal Bó*
Capítulo I
Automação residencial:
histórico, definições e conceitos
Automação residencial
Domótica é a automatização e o controle aplicados à
residência. Esta automatização e controle se realizam
mediante o uso de equipamentos que dispõem de
capacidade para se comunicar interativamente entre
eles e com capacidade de seguir as instruções de
um programa previamente estabelecido pelo usuário
da residência e com possibilidades de alterações
conforme seus interesses. Em consequência, a
domótica permite maior qualidade de vida, reduz
o trabalho doméstico, aumenta o bem-estar e a
segurança, racionaliza o consumo de energia e, além
disso, sua evolução permite oferecer continuamente
novas aplicações.
Como se percebe, o principal fator que define
uma instalação residencial automatizada é a
integração entre os sistemas aliada à capacidade de
executar funções e comandos mediante instruções
programáveis. A integração deve abranger todos os
sistemas tecnológicos da residência, a saber:
• Instalação elétrica, que compreende: iluminação,
persianas e cortinas, gestão de energia e outros;
• Sistema de segurança: alarmes de intrusão,
alarmes técnicos (fumaça, vazamento de gás,
inundação), circuito fechado de TV, monitoramento,
controle de acesso;
• Sistemas multimídia: áudio e vídeo, som ambiente,
jogos eletrônicos, além de vídeos, imagens e sons
sob demanda;
• Sistemas de comunicações: telefonia e interfonia,
redes domésticas, TV por assinatura;
• Utilidades: irrigação, aspiração central, climatização,
aquecimentode água, bombas e outrosHistórico e situação atual no Brasil e no mundo
Com o mercado economicamente ativo, a automação
residencial ainda é muito nova, traduzindo-se em um
processo ainda em emergência. As primeiras incursões
nestas tecnologias datam do final da década de 1970,
quando surgiram nos Estados Unidos os primeiros módulos
“inteligentes”, cujos comandos eram enviados pela própria
rede elétrica da residência, no conceito de PLC (Power Line
Carrier). Tratava-se de soluções simples, praticamente não
integradas e que resolviam situações pontuais, como ligar
remotamente algum equipamento ou luzes.
Com o advento dos computadores pessoais e da internet,
a explosão da telefonia móvel e outras tecnologias que
ingressaram no mundo pessoal dos consumidores, a aceitação
das tecnologias residenciais passou a ter um forte apelo.
Nas economias mais desenvolvidas, o cenário para as
chamadas “casas inteligentes” tem evoluído de maneira
muito positiva nos últimos anos. Tem contribuído para isso
a crescente popularização de diversas tecnologias, seja
pelo aspecto educativo do consumidor, seja pelos preços
decrescentes.
Soma-se a isso a oferta abundante e barata de serviços
de comunicação, como acesso em banda larga, diversas
modalidades de conteúdo digital, downloads de músicas e
filmes, etc. Além disso, temos um ambiente muito propício
para o desenvolvimento dos chamados “sistemas domóticos”.
A partir de recentes pesquisas feitas nos Estados Unidos,
podemos extrair alguns dados importantes:
- 84% dos construtores entendem que incorporar tecnologia
às residências que constroem é um importante diferencial
mercadológico;
- Existe a constatação de que os consumidores na faixa etária
que estão entrando no mercado, adquirindo seu primeiro
imóvel, já convivem com naturalidade com a tecnologia e,
portanto, estão sendo exigentes com relação ao seu uso nas
residências que lhes são oferecidas;
- Sistemas automatizados que contenham apelo pela
sustentabilidade, economia de energia e preservação de
recursos naturais estão sendo cada vez mais requisitados;
- Entre as tecnologias emergentes que devem alcançar
elevados patamares de crescimento nos próximos anos, estão
os media centers, o monitoramento a distância, o controle de
iluminação e o home care.
A seguir, a Tabela 1 mostra a evolução na adoção de
algumas das tecnologias mais consolidadas para casas
inteligentes (em porcentagem nos imóveis residenciais novos):De acordo com a revista PC World, a previsão é de
que o uso de sistemas de automação residencial triplique
nos próximos dois anos. Para embasar esta estatística, a
publicação menciona a sinergia entre as principais soluções
de momento que devem concorrer para este crescimento,
como segurança residencial, gerenciamento de energia,
cuidados domésticos com a saúde e aumento do uso de
mídia centers.
No Brasil também se observa uma rápida absorção das
novas tecnologias pelos usuários na sua vida diária. No
entanto, esta tendência ainda não se transferiu para o mercado
de construção civil na mesma intensidade. Guardada a escala,
nossos automóveis detêm muito mais eletrônica embarcada do
que nossas residências, embora estas últimas tenham preços
dezenas de vezes mais elevados.
Nos indicadores industriais, nota-se que a indústria
da construção civil tem sido uma das mais lentas no ato de
incorporar novas tecnologias, seja pelo seu tempo própriode operação (empreendimentos podem levar anos para
serem projetados, construídos e entregues aos seus usuários),
seja pela visão conservadora de seus líderes e consequente
dificuldade em vencer paradigmas (comerciais, técnicos e
mercadológicos).
O panorama tende a se modificar em breve espaço de
tempo. A rápida captação de recursos financeiros obtidos
pelas grandes construtoras que aqui operam vai forçar uma
competição em outros patamares. A escassez de terrenos
em locais mais disputados e a necessidade de gerar novos
produtos rapidamente vão acirrar a disputa pelo consumidor.
Neste particular, a utilização de diferenciais nos produtos
imobiliários será fator imperativo para atrair uma base maior
de consumidores.
Aqui, a automação residencial pode ser um fator
decisivo para atingir consumidores com necessidades
específicas, das quais destacamos a segurança, o
entretenimento, a acessibilidade, o trabalho em casa,
o conforto, a conveniência e a economia de energia.
Portanto, pode se esperar uma rápida evolução dos
lançamentos imobiliários com forte apelo nos diferenciais
tecnológicos, aproximando o mercado doméstico aos
padrões internacionais.
Como o número absoluto de lançamentos tem aumentado
muito no Brasil, também a base de referência para qualquer
estatística de evolução da automação residencial será
necessariamente maior.
Funcionamento do mercado e canais
de comercialização
O mercado de automação residencial no Brasil, aos poucos,
está adquirindo características muito próximas aos de mercados
mais evoluídos. A incorporação de um novo profissional no
mercado, intitulado “integrador de sistemas residenciais”,
define uma situação específica deste mercado: em função das
diferentes tecnologias em questão, da sua complexidade de
projeto, instalação e programação, ainda não existem soluções
plug-and-play, exigindo uma especialização do profissional
que nele atua.
No exterior, este profissional (ou pequena empresa)
recebe o nome de Systems Integrator ou ainda Electronic
Systems Contractor. Sua característica notória é de se tratar
de um pequeno negócio, quando não de um profissional
autônomo com equipes de instalação terceirizadas. Este
padrão é dominante, uma vez que os projetos de sistemas
integrados residenciais são extremamente personalizados,
exigindo uma dedicação que só uma pequena equipe (e não
um departamento de uma multinacional) pode dispensar ao
usuário consumidor.
Assim, o mercado atualmente se posiciona com os seguintes
players importantes:
Desenvolvedores / Licenciadores de tecnologia
Fabricantes / Importadores
Distribuidores / Revendas
Projetistas / Integradores / Instaladores
Cliente final (consumidor ou empresa construtor a)
Entre os desenvolvedores e licenciadores, temos:
empresas de software, alianças de diversos fabricantes
em torno de um protocolo comum de interoperabilidade,
laboratórios de eletrônica, robótica e mecatrônica públicos
e pri vados, uni versidades e outr as entidades afins.
Os fabricantes e importadores podem ser atualmente
grandes grupos multinacionais, algumas subsidiárias de menor
porte (sendo que algumas são apenas importadoras) e fábricas
nacionaisde médio e pequeno porte. Os canais de distribuição
e revenda, muitas vezes, confundem-se com os importadores
e até mesmo os integradores podem ser revendedores,
principalmente, de equipamentos que necessitam especificação
técnica mais apurada.
Para efeito deste estudo, a abrangência dos fornecedores
será de equipamentos típicos para projetos integrados de
automação residencial:
1) Automação da instalação elétrica
Compreende o fornecimento de controladores, comandos
especiais e atuadores: softwares de controle e supervisão;
relés, interfaces e temporizadores; sensores diversos, como
detectores de gás e fumaça, de inundação; e outros.
2) Controles remotos uni versais
Inclui o fornecimento de controles fixos (de parede) tipo
touchscreen, bem como painéis móveis. Interfaces necessárias
à integração com sistemas domóticos e licenças de softwares
de integração também fazem parte desse grupo, que inclui
ainda modernas e cada vez mais usuais interfaces homem/
máquina, como iphones, aparelhos de telefonia celular,
pocketPCs e outras. Soluções de software garantem usabilidadee confiabilidades destas aplicações3) Gestão de energia
Sistemas gerenciadores de consumo de energia: medição de
consumo de água e gás e equipamentos para proteção elétrica
e de geração de energias alternati vas.
4) Acessórios e complementos
Incluem-se, nesta classe, diversos itens do universo da
automação residencial como:
• Motorização de persianas, toldos e cortinas;
• Pisos aquecidos;
• Aspiração centr al a vácuo;
• Desembaçadores de espelhos;
• Irrigação automatizada;
• Fechaduras elétricas;
• Equipamentos de controle de acesso (leituras
biométricas, teclados);
• Media centers;
• Ativos de rede (s witches, roteadores);
• Telefonia e interfonia (con vencional e IP).
Os integradores cumprem atividades múltiplas,
como projeto, especificação, fornecimento, instalação,
programação e pós-venda dos sistemas de automação
residencial. Como podemos perceber, representam um elo
muito importante na cadeia mercadológica, pois sem eles se
tornaria muito difícil para a indústria colocar seus produtos
no mer cado consumidor (v er detalhamento a seguir).
Os clientes, neste mercado, dividem-se em usuários
finais e construtores. Para os primeiros, exige-se
atendimento personalizado e total customização da sua
instalação residencial. Já os construtores são clientes
institucionais, em que o apelo de fatores subjetivos como
a segurança ou o maior conforto da família são superados
por uma análise objetiva de custo-benefício, na linha já
citada anteriormente de que a automação residencial
possa representar um diferencial positivo em seu produtoimobiliário.
O integr ador de sistemas residenciais
Definimos este novo profissional, o integrador de
sistemas residenciais, como aquele que:
• Elabora o projeto integrado, baseado nas definições do
empreendimento (caso de condomínios) ou nas necessidades
de uma família especifica (residência unifamiliar);
• Acompanha a execução da obra com o intuito de validar
o seu projeto;
• Especifica fiação, equipamentos, softwares e interfaces
de integração;
• Vende os equipamentos ou participa da contratação dosterceiros envolvidos;
• Supervisiona e/ou executa a instalação;
• Supervisiona e/ou executa a programação e os testes
(start up);
• Gar ante o desempenho final do sistema integr ado.
O integrador pode ser uma empresa de pequeno porte
ou um profissional autônomo que atua com parceriasindependentes nas atividades em que não têm capacitação
específica.
Sua formação é abrangente e diversificada, no entanto,
na maioria das vezes é de base tecnológica (engenharia
elétrica ou eletrônica, redes e informática, automação
industrial, mecatrônica e similares). Diversos profissionais
provêm das áreas de áudio e vídeo, segurança, instalações
elétricas ou outras similares, em que possivelmente já
atuavam anteriormente e passaram a incluir automaçãoresidencial em sua oferta de serviços